Nunca escondi a minha predileção por coisas que dão “medinho”. Tanto no mundo dos games – sendo “Silent Hill 2” o mais assustador disparado -, dos filmes como na literatura. Sempre tive uma “queda” pelo gênero, pelo inominável, pelo indescritível. E nessa minha paixão acabei por encontrar o querido “LoveCraft” e seu mundo insano. Um terror diferente de todo o resto, não uma obra de sustos, mas sim um universo de suspense, um thriller psicológico.
E nessa minha busca por cada mais imersão nesse universo encontrei um livro denominado “Os melhores contos de LoveCraft”, uma compilação dos assim considerados melhores. Considero esse livro uma obra prima da literatura de horror.
LoveCraft é reconhecido por explorar a mediocridade do ser humano, que se acha o centro do universo. Suas histórias trabalham com criaturas ancestrais que vagam ou vagaram por aí milhões e milhões de antes antes do homem se reconhecer como um ser vivo. Alguns anciões ainda continuam a espreita como o famoso caso de Cthulhu. Esse complexo de inferioridade ia contra a ideologia do inicio do século XX, que pregava o ser humano como sendo a excelência do universo. Na visão do autor o universo é tão infinito que o ser humano simplesmente enlouquece ao vislumbrar uma pequena porcentagem da realidade.
A ideia de que não somos nada, a nossa pequenice, perante a grandeza do universo é o que compõe a atmosfera de horror de seus contos. E o que me deixa em um cagaço terrível envolvido em um sentimento de medo.
Dois contos me chamaram a atenção: “Dagon” e “A cor que caiu do espaço”. Em ambos os casos os protagonistas enlouquecem a observar a verdade do universo pelo “buraco da fechadura”. São contos simples, curtos e extremamente horrorosos. Porém, nesse primeiro momento, prenderei a atenção dessa postagem somente a “Dagon”. Deixaremos outros contos para um segundo momento.
“Dagon” é um conto de apenas seis páginas que aborda o relato de um marinheiro preso pelos alemães durante a primeira guerra mundial. Após uma fuga bem sucedida passa dias e dias à deriva até ancorar em uma ilha ao sul do Equador, não sabendo precisar o local com exatidão. A ilha é um local totalmente inóspito, porém a necessidade de encontrar um abrigo, ou até mesmo algo para comer o fez caminhar por aquelas terras pútridas e fétidas como um grande cadáver.
Movido pelo desespero o protagonista caminha até uma elevação, definido como promontório pelo autor. Dias se passaram até alcançar o outro lado e encontrar um monolito. No monumento era possível identificar gravuras de criaturas hibridas entre homens e peixes. E então há o encontro entre o homem e o indescritível, o inominável e por fim a perda da sanidade.
Depois de algumas pesquisas descobri que na verdade “Dagon” é um apêndice de uma obra maior ” A sombra sobre Innsmouth”. Um “Deus” ligado a fertilidade é adorado pelos habitantes da pacata cidade portuária. Os habitantes locais veneram essa divindade, inclusive através de sacrifícios humanos, em troca de fartura em sua principal atividade, a pesca.
É um clássico da literatura de horror. Algumas vezes ainda me pergunto como um conto com um numero de páginas tão limitado consegue ser tão aterrorizante. A atmosfera da obra torna presente uma constante sentimento de incômodo. O mesmo incômodo de quando assisto ao “Exorcista”, ciente de todas as limitações de seu tempo e mesmo sabendo de todos os acontecimentos, ainda sim me sinto um pouco mal.
Acompanhe pelo youtube a dramatização do conto:
Ou se preferir, acompanhe pelo podcast no Soundcloud:
Se você se interessou por esse conto ou pelo livro basta clicar aqui. Entretanto, há outras maneiras de adentrar o incrível universo criado por LoveCraft. Opções como o jogo de tabuleiro “Eldritch Horror” (para maiores informações leia um post feito sobre isso clicando aqui) e o fantástico jogo para pc denominado “The Dark Corners Of The Earth”. Tudo muito bem feito, fiel a obra do autor.
Esse foi mais um post dedicado á arte de sentir “medinho” e espero que tenha sido útil para todos…
Um abraço e um bjo… E muito cuidado com os cantos escuros da sua casa, pode haver uma entidade milenar a espreita…rrsr
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Em 16.10.2017