Bom dia/ boa tarde/ boa noite..
Queridos e queridas, seguidores desse humilde blog. Demorei só um pouquinho para falar de “O Hobbit” aqui no Donna Rita. Só um pouquinho já que o filme estreou em 2013, logo ali. Mas a razão de meu distanciamento é justificável. Eu queria abordar mais com a razão, e não com o coração. Missão praticamente impossível, uma vez que sou um admirador voraz de tudo o que foi criado por Tolkien. Talvez isso tenha a ver com a minha veia rpgística, esses mundos de fantasia povoaram meu imaginário, e ainda povoam, todos inspirados em Tolkien. Eu tenho um sentimento de gratidão muito grande, cresci e amadureci jogando rpgs de mesa, e até mesmo em consoles, e ainda hoje muito do que esse homem criou faz parte do meu “eu”. Afinal de contas, talvez Tolkien seja o maior nerd que já passou pela humanidade.
Entretanto, não estou aqui para escrever sobre os filmes, que de certa maneira me decepcionaram. Teve muita coisa boa, não tem como negar, mas o saldo acabou sendo negativo. Renderam dois filmes bons, e um que foi uma merda completa. Não há como negar que foi muito bom revisitar a Terra Média mais uma vez, passear pelos seus prados e campos, assim como não há como não dizer que o segundo filme foi um equívoco total. O romance entre um anão e um elfa simplesmente me deu no saco. Mesmo assim foi muito bom ver tudo por uma última vez que seja.
Mas eu gostaria mesmo é de escrever sobre o livro e toda a sua simplicidade e fantasia.
Suas páginas trazem uma escrita simples, de alguém que queria apenas escrever um livro para incentivar seu filho a leitura. Um aventura de treze anões pela Terra Média em busca do tesouro de seus ancestrais. Isso mesmo, um jornada pelo tesouro e nada mais. Peter Jackson acabou dando um ar mais adulto quando colocou a jornada como sendo um regresso dos anões para o seu lar, um tom que combina mais com a trilogia do “Senhor dos Anéis”. Na literatura, outro traço infantil presente é o fato dos animais falarem, uma coisa meio “Walt Disney”, tudo a ver com um universo mais infantil do que adulto. E tem um dragão ainda, você quer coisa mais impressionante do que enfrentar um dragão?
Bilbo Bolseiro é a representação da vida adulta. Lógico, na minha opinião de merda humilde. Aquele adulto apegado a comodidade do lar e do trabalho com um espírito aventureiro latente, que se vê diante de uma situação de aventura. Bilbo é o aventureiro que não queria saber de aventuras, mas o seu sengue falou mais alto e partiu junto da “Companhia do Escudo de Carvalho”. E no desenrolar da epopeia, o jovem hobbit se sente cada vez mais vivo, como se as peças tivessem todas sido colocadas no local correto.
Esqueça o anel, na época do Hobbit era apenas um artefato mágico de invisibilidade, nada demais. Tolkien só resolveu dar um peso maior para o objeto quando optou por escrever o “Senhor dos Anéis”, tanto que não há nenhuma grande trama ao redor do “Um anel” no desenrolar do enredo.
Cruzamos a Terra Media sob a perspectiva do Sr.Bolseiro, tudo é novo e tudo passa a ser desvendado e apreciado através de seus pequenos olhos hobbitescos. E no decorrer das aventuras aquele que era mais desprezado por não ser um guerreiro acabou sendo o mais valorizado por sua inteligência. Passagens como “Advinhas no escuro”, “Os Trols” e “Conversa com Smaug” provam o amadurecimento e o quanto uma dose de inteligência é necessária para resolver uma situação problemática.
E por fim o Sr. Bolseiro retorna para o Bolsão com um ar de missão cumprida e com o seu 1/14 avos do tesouro. A última etapa é talvez a parte mais triste do livro, pelo menos para o protagonista. O leitor é capaz de sentir todo o peso nos ombros do simpático hobbit ao retornar para a sua vida normal, mesmo sabendo que jamais seria a mesma. Uma pessoa que atingiu tamanho grau de esclarecimento jamais conseguiria fechar os olhos novamente.
“O Hobbit” é um livro fantástico em sua simplicidade, há várias passagens com descrições, mas nenhuma delas tão elaboradas quanto as descrições de “O Senhor dos Anéis”. Eu mesmo fiquei um pouco impaciente com eterno diálogo dos “bárbavores” É uma obra de amadurecimento que, mesmo que involuntariamente, introduziu pessoas do mundo inteiro no universo da Terra Média, que por sua vez influenciaria todas as obras de literatura fantástica que vieram depois.
Leia, de preferência com seu filho, e divirta-se…
Título: O Hobbit
Autor: J. R. R. Tolkien
Editora: WMF Martins Fontes
Edição: 1
Ano: 2002
Idioma: Português
Especificações: Brochura | 296 páginas
Peso: 350g
Dimensões: 210mm x 140mm